terça-feira, 16 de agosto de 2016

Compostos de aroma no lúpulo

Olá pessoal,

O texto de hoje é sobre lúpulo. Ele faz uma curta introdução aos óleos essenciais e compostos de aroma presentes no lúpulo. Este texto é apenas uma base para o que está por vir!

Do ponto de vista cervejeiro, há 3 grupos de substâncias de grande interesse no lúpulo: as resinas; os agentes flavorizantes e; os polifenóis. No entanto, o perfil químico do lúpulo depende da variedade, origem, tempo de colheita, secagem e condições de armazenamento.

O lúpulo possui de 0,4 a 2,0% de agentes flavorizantes em sua massa seco.  Por agentes flavorizantes entende-se s óleos essenciais responsáveis por delegar aroma a cerveja. A composição dos óleos essenciais no lúpulo depende da variedade e pode ser fortemente influenciada pelas condições de secagem e pelas condições de processamento

Os óleos essenciais, assim como as resinas, são originados das glândulas de lupulina. Até agora mais de 300 substâncias voláteis já foram identificadas no lúpulo. A maior porção destes óleos é formada por hidrocarbonetos. Entre eles os presentes em maiores quantidades são o monoterpeno mirceno, os sesquiterpenos humuleno e o cariofileno.




O mais presente deles é o mirceno, com teores que variam de 17-37% da quantidade total de óleos. Apesar da sua elevada quantidade, o mirceno é considerado indesejado. Um dos motivos para a realização da fervura do mosto, é inclusive, a volatilização do mirceno. Este é um fato que depende do estilo e do perfil desejado da cerveja a ser produzido. Apenas alguns poucos hidrocarbonetos resistem ao processo de fervura.

Os terpenos que possuem oxigênio em sua molécula, o linalol e geraniol apresentam aroma floral e rosáceo, respectivamente.


Uma bela molécula de geraniol

Ácidos graxos, por sua vez, são os maiores responsáveis pelos aromas que remetem a queijo, especialmente quando o lúpulo é armazenado em condições inadequadas.

Esteres contribuem para um aroma frutado e são, quantitativamente, os compostos oxigenados de maior importância e alguns deles persistem na cerveja mesmo após a fervura, e durante a fermentação pode ocorrer transesterificação.

Os níveis destes compostos tendem a se elevar ao longo do armazenamento do lúpulo, parcialmente porque eles se derivam da oxidação de hidrocarbonetos. A exemplo dos epoxidos, que são formados pela auto-oxidação de sesquiterpenos.




Lúpulos também possuem substâncias aromáticas contendo enxofre, como tioesteres, sulfetos e compostos sulfurosos heterocíclicos. Compostos contendo enxofre apresentam limites de percepção sensorial muito baixos, dessa maneira contribuem significativamente para o perfil sensorial da cerveja. Além disso, vale ressaltar que o lúpulo também contem DMS, no entanto, a maior parcela dele, por razões óbvias, vem do malte. 

Aguardo ansioso pela sua crítica, sugestão, elogio, dúvida, ou qualquer outra maneira de colaboração via comentário, email etc. !

e obrigado pela atenção!

Fontes:
Livros
Título - Autor - Ano
Beer in Health and Disease Prevention - Victor R. Preedy - 2008
Brewing - Ian S Hornsey – 1999
Brewing: New technologies - Charles Bamforth - 2006   
Brewing: Science and Practice - D. E. Briggs;  P. A. Brookes; R. Steven; C. A. Boulton – 2004
Homebrewing for dummies - Marty Nachel - 2008
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets -  Hans Michael Eßlinger – 2009

6 comentários:

  1. Luis,

    Como já elogiei anteriormente, muito bom o blog e muito interessante os tópicos.

    Mas em alguns casos, como esse, achei muito resumido. Você citou os 3 presentes em maiores quantidades, mas falou só de 1 deles. Depois falou de outros.
    O interessante é saber mais de todos os principais (características, benefícios e malefícios à cerveja), se possível com dicas operacionais, das variáveis que nós cervejeiros podemos trabalhar para melhorar as características da nossa cerveja.

    Abraço.

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    1. Obrigado pela crítica!
      E já que você tocou nesse assunto, aproveito para explicar mais ou menos como organizo os textos.
      Alguns deles terminam ficando resumidos demais, como você apontou, justamente por uma preocupação minha em não passar um volume de informações novas muito grande numa única vez. Concordo com você que este texto, de fato, ficou bem resumido, mas fique atento que a série de textos sobre lúpulo está bem interessante. Na organização deles busquei primeiro abordar alguns conteúdos mais basais, para depois abordar características, beneficios, maleficios, e as dicas operacionais que, de fato, faltam a este texto.
      Nos próximos textos estes tópicos serão abordados. Espero que eles atendam suas necessidades! Mas pode ficar ansioso que vem coisa boa por ai!

      Ah! E você pode registrar seu email para receber uma notificação quando os novos textos forem sendo publicados!

      Abraço!

      PS: Não sou o Luis, mas vou tomar algumas providências para melhorar a partir da sua crítica e sugestões. (Foi só uma brincadeira)

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  2. Puts, na realidade errei o nome, JÚLIO. Rsrsr

    Já estou na lista recebendo as notificações.

    Então, segue uma dica:
    Abordar as famílias e principais componentes dos lúpulos. Falar sobre cada um deles, (características, benefícios e malefícios à cerveja), se possível com dicas operacionais, das variáveis que nós cervejeiros podemos trabalhar para melhorar as características da nossa cerveja.

    Ainda, colocar informações de teores dessas substâncias de forma que possamos escolher os lúpulos com base nelas, ou seja, com base na ficha da composição química do lúpulo.
    Atualmente só vejo a quantidade de óleos (aroma) e A.A. (amargor) mas tem outros compostos que devem ter sua função/influência. Ex: Ouvi falar que se o tal de co-humuleno for acima de 30% o amargor da cerveja não fica puro, não fica bom. Mas não sei se é lenda ou não ?

    E, pode ter certeza, querer falar sobre esses tópicos de maneira resumida, não dá. De maneira objetiva sim, mas resumida não.

    Abraço.

    Ricardo M. Guisso

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    1. Ricardo, fico feliz que tenha se inscrito.
      Além disso, agradeço mais um uma vez pela sua crítica e atenção ao elaborar a dica.

      Alguns dos pontos que você incluiu em suas dicas serão abordados nos próximos textos. Principalmente os pontos associados a decisões práticas.

      Sobre a questão de uns textos serem mais resumidos que os outros, eu peço desculpas. Mas siga atento aos próximos textos, e você verá como eles se encaixam de maneira complementar, como foi o caso da série de textos sobre a espuma, por exemplo.

      Mais uma vez, agradeço suas dicas, e fico feliz que você se sinta a vontade para fazer críticas, elogios e sugestões! A idéia é essa!

      Um abraço!

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  3. Boa tarde. Parabénas pelo material que a proposito tenho tido muita dificuldade de encontrar n net. Sou iniciante na fabricação de cervejas e estou atualmente estudando lupulos e fazendo algumas experiências para entender como cada substância contida nele contribui para a cerveja positiva ou negativamente. Minha pergunta é, o mirceno é indesejável como disse, porém volátil, sendo assim o ideal no uso de lupulos com maior taxa dessa substancia seria inserir 10 ou 15 minutos antes de parar a fervura, é isso? e quanto aos polifenóis do lupulo, trazem algum flavor indesejado? Se sim, como impedi-los? Obrigado e parabéns pelo material mais uma vez.

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  4. Olá Alex!
    Primeiramente, obrigado pela pergunta e pelos elogios ao material.
    Bom, com relação a sua pergunta, a resposta é: depende!
    O que acontece é seguinte, o aroma que o mirceno confere é indesejado por muitas pessoas/ em muitos casos, e seguindo essa lógica, o ideal é que os produtos de lúpulo com valor elevado de mirceno sejam expostos a longo tempo de fervura, para que esse composto seja elminado a partir da evaporação. Por outro lado, se você deseja a presença dele na sua cerveja, você pode reduzir o tempo de exposição ele na fervura, adicionando o mais próximo do fim, ou até mesmo no whirpool, ou até mesmo fazendo um dry-hopping - extração a frio.
    Quanto aos polifenóis do lúpulo, sugiro a leitura de um outro texto aqui do blog, expecífico sobre o assunto (http://teoriadecerveja.blogspot.de/2016/08/os-polifenois-do-lupulo.html). Existem diferentes influencias, baseada nos diferentes "tipos" de polifenóis, e por isso recomendo a leitura do texto, ja que estes pontos já foram abordados nele.
    Se ainda assim você tiver algum pergunta, fique a vontade!
    Terei o maior prazer em respondê-la.

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