Olá pessoal,
O texto de hoje é sobre lúpulo. Ele faz uma curta introdução as resinas presentes no lúpulo. Deste grupo, fazem parte os alfa-ácidos, ou humulonas, se você preferir. Este texto é apenas uma base para o que está por vir!
Do ponto de vista cervejeiro, há
3 grupos de substâncias de grande interesse no lúpulo: as resinas; os agentes
flavorizantes e; os polifenóis. No entanto, o perfil químico do lúpulo depende
da variedade, origem, tempo de colheita, secagem e condições de armazenamento.
As resinas do lúpulo correspondem de 10-20% da massa do lúpulo seco. A quantidade total
de resinas representa a soma das resinas duras e resinas brandas.
As resinas são
classificadas com base em sua solubilidade em solventes orgânicos. Se a fração
de resinas for dissolvida em hexano, apenas parte dela irá se dissolver. A esta
parte pertencem as resinas brandas. Já a fração insolúvel é composta pelas
resinas duras.
A maior parte das
resinas do lúpulo pertence ao grupo das resinas brandas, e estas podem ser
divididas em dois grupos, a partir da sua reação com solução de acetato de
chumbo. Se uma solução metanólica de acetato de chumbo for adicionada a uma
solução metanólica de resinas brandas, haverá a formação de um precipitado
amarelo. Este precipitado amarelo é a fração alfa, enquanto que a fração
sobrenadante representa a fração beta.
A maior porção das resinas brandas são os
alfa-acidos (3-17%) e beta-ácidos(3-7%).Este valor corresponde a soma de
todas as substâncias que geram amargor. Porém estas substâncias diferem uma da
outra significativamente.
Os 5 subgrupos dos
alfa-acidos são a humulona e cohumulona, adhumolona, prehumulona e poshumulone.
Com relação aos beta-acidos, há 5 grupos de lupulonas, que diferem quimicamente
das humulonas apenas em um aspecto em sua estrutura química.
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Estrutura base dos alfa e beta ácidos, e seus análogos. |
As humulonas ou alfa
ácidos, portanto conferem a cerveja um agradável amargor, contribuem para a
estabilidade da espuma e aumentam o tempo de vida de prateleira, com suas
propriedades antibacterianas.
Os alfa-ácidos são convertidos em iso-alfa-ácidos
ao longo da fervura da cerveja. O processo é conhecido por isomerização. Ao passar pelo
processo de isomerização, a humulona, aumenta sua solubilidade na cerveja, e dá
origem origem as substâncias conhecidas como iso-alfa-acidos, ou isohumulonas.
Estas substâncias e seus derivados são as substâncias ligadas ao amargor da
cerveja.
Pesquisas em ratos
mostraram que iso-alfa-acidos podem apresentar efeitos benéficos a saúde, como
a supressão do acumulo de gordura e aumento da massa corporal, redução de
colesterol e teor de trigliceridios no fígado e redução dos níveis de açúcar no
sangue em animais que sofriam de diabetes.
Os beta-ácidos, por sua vez,
possuem baixa solubilidade no mosto e na cerveja, por isso contribuem muito
pouco para o amargor da cerveja.
As resinas do lúpulo melhoram a
digestão, a estabilidade da espuma da cerveja, elevam o potencial
bacteriostático do mosto e da cerveja e o amargor.
Aguardo ansioso pela sua crítica, sugestão, elogio, dúvida, ou qualquer outra maneira de colaboração via comentário, email etc. !
e obrigado pela atenção!
Fontes:
Livros
Título
- Autor - Ano
Beer
in Health and Disease Prevention - Victor
R. Preedy - 2008
Brewing - Ian S Hornsey – 1999
Brewing: New technologies - Charles Bamforth - 2006
Brewing: Science and Practice - D. E. Briggs;
P. A. Brookes; R. Steven; C. A. Boulton – 2004
Homebrewing for dummies - Marty Nachel - 2008
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets - Hans Michael Eßlinger – 2009
Homebrewing for dummies - Marty Nachel - 2008
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets - Hans Michael Eßlinger – 2009
"Pesquisas em ratos mostraram que iso-alfa-acidos podem apresentar efeitos benéficos a saúde, como a supressão do acumulo de gordura e aumento da massa corporal, redução de colesterol e teor de trigliceridios no fígado e redução dos níveis de açúcar no sangue em animais que sofriam de diabetes."
ResponderExcluirViva as IPAs !!!
Júlio, parabéns pelo blog !!!
Conteúdo muito interessante e resumido. Ajuda a desvendar os segredos químicos, bioquímicos e físico-químicos que estão acontecendo nas nossas panelas e fermentadores e no processo de fabricação das nossas brejas.
Sucesso camarada !
Ricardo M. Guisso
Muito obrigado Ricardo!
ExcluirEspero poder seguindo atendendo suas expectativas e te ajudar a compreender um pouco mais do que acontece das materias primas ao copo.
Prezado Julio,
ResponderExcluirSou farmacêutico, já aposentado, e exerci minhas atividades profissionais em indústrias farmacêuticas e cosméticas. Mas, quando estava ainda na faculdade, estagiei, durante cinco meses, no Controle de Qualidade da Skol, aqui no Rio, pois pretendia me dedicar à área de alimentos, mais especificamente à das fermentações. Gostei muito do estágio e ainda me recordo, ao tomar uma cerveja preta (com muita moderação, já que sou diabético), das iso-humulonas, as quais dosei várias vezes no lúpulo.
Resolvi relembrar melhor esses compostos e, procurando na internet, cheguei a seu muito bom blog. O artigo sobre as iso-humulonas é muito bom, também, de forma que acabo de salvá-lo.
Obrigado e um grande abraço,
Nilton Maia