Olá pessoal,
O texto de hoje é o quinto da série os
diferentes métodos de produção de cerveja sem álcool. No texto de hoje serão
apresentadas as alterações sensoriais em cervejas que passam pelo processo de
remoção do alcool pelos métodos de separação por membrana e pelo processo de
destilação a vácuo.
Boa leitura!
O
fato da cerveja sem álcool não apresentar as mesmas características sensoriais
da sua precursora se deve basicamente a duas razões principais: O álcool
desempenha papel importante na formação e percepção do sabor e; no processo de
remoção do álcool, não é somente o álcool que é removido, mas também diversos
outros componentes aromáticos, especialmente os ésteres e álcoois superiores,
com reduções de até 80% em relação aos teores originais.
De forma a compensar as perdas, geralmente as cervejas são reduzidas para valores abaixo do limite, e mescladas com cervejas alcoólicas, ou cervejas nos estágios iniciais de fermentação até o limite legal de 0,5%. Esta manobra faz com que aromas que foram removidos novamente estejam presentes na cerveja após a condução do processo de remoção do álcool. No entanto, esta manobra nem sempre é efetiva, o que pode ser notado a partir da degustação de diferentes cervejas sem álcool.
No caso de cervejas mais leves, que passam por esse processo, no sentido de terem seus teores alcoólicos reduzidos, vale a pena reduzir o teor alcoólico além do valor final esperado, e elevá-lo novamente a partir da mescla com cervejas em estágios iniciais de fermentação. Nesse caso, cervejas filtradas podem conferir aromas próximos do produto acabado, enquanto que a mescla com cervejas em estágios iniciais de fermentação, podem, por ação da levedura, agregar paladar floral.
Comparada a cerveja original, as cervejas desalcoolizadas pelo método a vácuo apresenta um leve aumento de cor, de 0,5 a 1,5 EBC, e uma redução no amargor de 1 a 2 unidades. O extrato aparente se eleva, com a evaporação do álcool, e o pH sobe de 0,1 a 0,2 por conta das perdas de ácidos orgânicos voláteis e CO2. A espuma da cerveja não sofre alteração expressiva, e a turbidez sobe menos de 1EBC. No entanto, para que esses valores sejam condizentes com a realidade, é necessário que a cerveja original tenha passado pelo processo de estabilização e que o método tenha agregado pouco oxigênio.
Comparativamente, as cervejas sem alcool
produzidas a partir do processo de osmose reversa apresentam um sabor mais
próximo àquele característico da cerveja tradicional. No entanto, se notam
também características que remetem a malte e a pão. Além disso, uma leve acidez
pode ser percebida se comparada as cervejas originais. Em comparação as
cervejas desalcoolizadas a partir de processo térmico, as perdas de amargor são
mais elevadas. O aumento de turbidez é em geral inferior a 1 EBC.
Em análises sensoriais as cervejas
produzidas a partir da diálise se destacam positivamente, ainda que um aroma
levemente ácido seja notado, assim como perdas de equilíbrio e corpo. Medidas
como adaptação da receita, adotando maltes especiais e conduzindo um método de
brasagem alternativo, focado na redução do grau de atenuação contribuem para
melhora da qualidade. Ao final, a composição da cerveja produzida pelo método
de diálise depende da seletividade da membrana aos componentes da cerveja,
assim como dos parâmetros de processo. A vantagem particular deste método é que
a cerveja não é exposta a stress térmico.
Para atingir melhorias em termos
sensoriais, as cervejas sem álcool podem ser mescladas com cervejas originais
ou com parte do aroma extraído no processo de extração do álcool. Além disso,
cervejas especialmente aromáticas podem ser adicionadas à cerveja
desalcoolizada. A exemplo de cervejas Bock ou High gravity, justamente por
estas cervejas serem ricas em ésteres, que são removidos durante o processo de
remoção do álcool.
O perfil sensorial da cerveja
muda ao longo do processo de desalcoolização térmica. São observados perda de
aroma, sabor, corpo e carbonatação. Aromas indesejáveis como os aromas de pão,
mosto, caramelo se destacam. Além disso a presença de ácidos graxos, assim como
remanescentes de ácido caprílico podem se manifestar de maneira mais destacada
após a cerveja passar por esse processo.
Título - Autor - Ano
Abriss der Bierbrauerei - Ludwig Narziss - 2013
Technology Brewing and Malting - Wolfgang Kunze – 2016
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets - Hans Michael Eßlinger - 2009