O texto de hoje é sobre lúpulo. Ele aborda alguns aspectos entre as diferentes variedades e perfis de lúpulo, e fatores que podem te ajudar na escolha.
De
maneira geral, a maior distinção feita é entre produtos utilizados para
conferir amargor e aroma. Lúpulos
aromáticos, possuem baixo teor de alfa-acidos, mas, em contrapartida,
teores mais elevados de óleos essenciais. Os
lúpulos de amargor, por sua vez, apresentam teores mais elevados de
alfa-ácidos, e teores menores de óleos essenciais. Atualmente, os lúpulos são agrupados em 3
categorias: os lúpulos de amargor; de aroma e; de uso duplo, no caso, tanto para
amargor quanto para aroma.
As diferentes regiões produtoras
de lúpulo são responsáveis por tantas variedades pois cada uma delas apresenta
teores específicos de substâncias amargas, resinas, óleos essenciais. Mesmo
assim, há diferenças tão sutis entre algumas delas que nem mesmo um perito na
área é capaz de reconhecê-las na cerveja sem dificuldade.
As principais regiões produtoras
de lúpulo localizam-se na Alemanha, Estados Unidos, República Tcheca,
Austrália, Inglaterra e Canadá. Além destas regiões, há também polos na França,
Polônia, Nova Zelândia, Eslovênia, Coréia do Norte, Bélgica, Ucrânia, África do
Sul e Romênia. Independentemente da
região de origem, a maior parte dos lúpulos cultivados são variedades hibridas
a partir de variedades selvagens, desenvolvidas com o objetivo de aumentar os
rendimentos ou resistência a doenças. Vale
ressaltar que os lúpulos americanos costumam ser mais baratos não pelo fato de
serem de qualidade inferior, mas sim pelo fato dos lúpulos americanos
apresentarem crescimento mais consistente.
Lúpulos com elevado teor de
alfa-ácidos são indicados para serem utilizados como lúpulos de amargor, isto
é, responsáveis por adicionar sabor amargo a cerveja. Existem variedades de Lúpulos
conhecidas como “super alfa”, que contem, no mínimo 16% de alfa-ácidos.
Lúpulos com elevado teor de óleos
essenciais são recomendados para uso como lúpulos de aroma, podendo ser
adicionados na fervura, ou ao se fazer o dry hopping. Na europa, principalmente
na Alemanha e republica tcheca, as variedades de lúpulo vem sendo propagadas
visando a obtenção de variedades com características destacadas de aroma, em
detrimento de variedades com elevado teor de alfa-acidos.
Cabe destacar que lúpulos de aroma
devem ser adicionados, preferencialmente no final da fervura, pois os óleos que
delegam aroma a cerveja, são voláteis, ou, em termos práticos, se perdem.
Lúpulos
são sensíveis a oxidação e alterações químicas de seus componentes. O potencial
de amargor, portanto, é reduzido quando o produto é armazenado em condições
fora das ideais, em função da oxidação dos alfa-ácidos.
Com o passar do tempo, o aroma do lúpulo vai se
aproximando de algo que remete ao odor de queijo parmesão. Este aroma é mais
fácil de perceber, especialmente em cones de lúpulo, plugs e em pellets. Por
conta disso, o lúpulo deve ser armazenado ao abrigo da luz, a baixas
temperaturas e longe de influencias externas como agua, ou fontes de odores. Os
alfa-ácidos oxidam na presença de oxigênio e isomerizam sob atmosfera
modificada. Este fenômeno explica a perda de alfa-acidos ao longo do
armazenamento. Resinas duras são compostos que já estão presentes no lúpulo
antes de seu processamento. Alem disso, produtos de oxidação das lupulonas
podem ter suas quantidades aumentadas na presença de oxigênio. Desse modo, a
armazenagem do lúpulo a frio é necessária. Extratos de resinas puras são
considerados mais estáveis que as umbelas, ou pellets.
Com relação a escolha do lúpulo,
vale atentar para alguns pontos. A época do ano, permite ter uma noção da idade do lúpulo. Sobre este aspecto
deve ser considerado que a colheita é realizada do final de agosto até a metade
de setembro. O
primeiro indicador do frescor do lúpulo, consiste em sua cor. Lúpulos em flor,
plugs, tem, na maior parte das vezes, coloração verde. Lúpulos em pellets
apresentam tons escuros de verde, apesar de algumas variedades como Goldings
apresentarem um tom mais alaranjado e aspecto brilhante, em função das resinas
de lúpulo secas. Lúpulos que apresentem coloração amarronzada, seco ou ondulado
estão, provavelmente, velhos. Se as glândulas de lupulina estiverem laranja, ao invés de
amarelas, significa os lúpulos estão oxidados.
O aroma dos lúpulos
também deve ser conferido pois estando frescos, possuem aromas florais,
herbais, cítricos, ou que remetem a pinho, por exemplo. Caso seja identificado
algum aroma pungente ou algo que remeta a queijo, é provável que o lúpulo
esteja velho e oxidado. Qualquer desvio de aroma evidente, seguramente irá se
manifestar na sua cerveja.
O teor
de alfa-acidos é também um aspecto importante que deve ser levado em conta
sobre a escolha dos lúpulos. Estas substâncias, após o processo de
isomerização, serão convertidas em iso-alfa-ácidos, e delegarão amargor a
cerveja. Dessa maneira, a diferença de teor destes ácidos deve ser levado em
consideração. Vale ressaltar que os teores destas substâncias variam de safra
para safra.
![]() |
Laudo do lúpulo Hallertauer Tradition fornecido pelo Barth Haas Group. - Vale lembrar que estas características variam em função do ano da colheita, local de produção, produtor e idade. |
![]() |
Parte do laudo do lúpulo Hallertauer Tradition fornecido pela Hopsteiner |
É interessante destacar que os aromas associados ao lúpulo dependem de alguma experiência prévia com os aromas a eles associados. Por exemplo, se você nunca tiver tido contato com o aroma de lavanda, dificilmente será capaz de reconhecer este aroma num lúpulo. Desse modo, as percepções sobre o aroma fornecido pelo lúpulo podem variar conforme a "bagagem" de aromas do degustador.
Aguardo ansioso pela sua crítica, sugestão, elogio, dúvida, ou qualquer outra maneira de colaboração via comentário, email etc. !
e obrigado pela atenção!
Fontes:
Livros
Título - Autor - Ano
Beer in Health and Disease Prevention - Victor R. Preedy - 2008
Brewing - Ian S Hornsey – 1999
Brewing: New technologies - Charles Bamforth - 2006
Brewing: Science and Practice - D. E. Briggs; P. A. Brookes; R. Steven; C. A. Boulton – 2004
Homebrewing for dummies - Marty Nachel - 2008
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets - Hans Michael Eßlinger – 2009
Alguns links interessantes sobre características de lúpulos:
Hopsteiner - Disponível em Inglês e alemão
HVG - Disponível em inglês, alemão e espanhol
Barth Haas - Disponível em inglês e alemão
Homebrewing for dummies - Marty Nachel - 2008
Handbook of Brewing: Processes, Technology, Markets - Hans Michael Eßlinger – 2009
Alguns links interessantes sobre características de lúpulos:
Hopsteiner - Disponível em Inglês e alemão
HVG - Disponível em inglês, alemão e espanhol
Barth Haas - Disponível em inglês e alemão
Nenhum comentário:
Postar um comentário